Nos últimos anos, duas abordagens distintas têm marcado o
debate sobre as desigualdades no Brasil. De um lado, pesquisas
como as reunidas na obra Trajetórias da desigualdade: como o
Brasil mudou nos últimos cinquenta anos, organizada pela
cientista política Marta Arretche, enfatizam os efeitos positivos
de políticas públicas na redução das desigualdades em diversas
áreas — como o acesso à educação básica, aos serviços urbanos,
à renda e à participação política. Esses avanços, segundo os
autores, resultam de mudanças incrementais nas regras de
provisão e financiamento das políticas sociais. De outro lado,
estudos como Uma história da desigualdade: a concentração de
renda entre os ricos no Brasil (1926-2013), do cientista político
Pedro Ferreira de Souza, destacam a persistência histórica da
concentração de renda no topo. Para Souza, essa concentração
revela uma resistência estrutural às reformas graduais, sugerindo
que transformações redistributivas significativas só ocorrem em
momentos de crise e ruptura política, devido à capacidade das
elites de impor vetos a mudanças mais profundas.
Considerando os dois diagnósticos sobre a trajetória das
desigualdades no Brasil, a alternativa que expressa corretamente
um ponto de tensão entre as abordagens é a seguinte:
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